Na tarde de terça-feira (13), a Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou que as caixas-pretas do ATR 72 envolvido no trágico acidente aéreo em Vinhedo, São Paulo, foram gravadas com sucesso. O desastre, que resultou na perda de 62 vidas, agora está sob um intenso processo de investigação. As gravações, cruciais para entender o que levou ao acidente, estão sendo analisadas no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) em Brasília.
Importância das Caixas-Pretas
As caixas-pretas são elementos essenciais na investigação de acidentes aéreos. Elas são compostas por dois tipos principais de gravadores:
- Cockpit Voice Recorder (CVR): Este dispositivo captura todas as conversas e sons dentro da cabine de pilotagem, incluindo alarmes sonoros e comunicações entre os pilotos e o controle de tráfego aéreo.
- Flight Data Recorder (FDR): Registra informações técnicas da aeronave, como altitude, velocidade, e a posição dos controles e botões durante o voo.
Esses dados são fundamentais para reconstruir os eventos que ocorreram momentos antes do acidente. A análise minuciosa das gravações pode revelar detalhes críticos, como possíveis falhas técnicas ou erros de comunicação.
Processo de Análise
Desde o dia 10 de agosto, os peritos do Labdata, laboratório especializado do Cenipa, estão trabalhando na decodificação das informações das caixas-pretas. Os especialistas enfrentam o desafio de converter os dados brutos em informações compreensíveis, utilizando tecnologia avançada para garantir a precisão da análise.
- Análise do CVR: Os peritos estão examinando os diálogos e sons gravados na cabine para identificar possíveis alarmes e comunicações que possam ter ocorrido antes da queda. Este processo pode exigir o uso de softwares especializados em análise de som.
- Análise do FDR: Os dados técnicos estão sendo convertidos para unidades de engenharia, permitindo a reconstrução detalhada dos parâmetros da aeronave durante o voo. O brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, destacou a importância de validar todos os parâmetros requeridos pela comissão de investigação.
Colaboração Internacional
De acordo com a Convenção de Chicago, que regula a aviação civil internacional, o Brasil está comprometido em incluir representantes de outros países na investigação, especialmente aqueles envolvidos na fabricação da aeronave e dos motores. No caso do ATR 72, a França e o Canadá têm papéis importantes:
- França: O Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil (BEA) participa da investigação devido ao fato de a aeronave ter sido fabricada na França.
- Canadá: O Conselho de Segurança nos Transportes do Canadá (TSB) contribui para a investigação, uma vez que os motores da aeronave foram fabricados no Canadá.
A colaboração entre especialistas brasileiros, franceses e canadenses é vital para uma investigação completa e precisa. As caixas-pretas do ATR 72 fornecerão informações cruciais que ajudarão a elucidar as causas do acidente e a evitar futuros incidentes. A transparência e o rigor na análise dos dados são essenciais para garantir a segurança na aviação civil e proteger vidas no futuro.
Este trágico acidente destaca a importância contínua dos protocolos de segurança e da colaboração internacional na aviação. À medida que a investigação avança, o objetivo principal é entender plenamente o que ocorreu e implementar medidas que possam prevenir ocorrências similares no futuro.